Em tempos de eleição, surgem personagens que, durante anos, parecem viver em silêncio, sem dar sequer uma bala para uma criança do bairro. Mas basta chegar a Semana Santa, a Páscoa, o São João ou qualquer outra data comemorativa, e lá estão eles — com um celular na mão, uma sacolinha de ovos, peixes ou milho na outra e um cinegrafista improvisado para registrar o “ato de generosidade”. A pergunta que não quer calar: será mesmo generosidade ou puro oportunismo?
Enquanto a prefeitura, com responsabilidade social e planejamento anual (mesmo não atendendo a todos), realiza ações voltadas às famílias em situação de vulnerabilidade, com cadastro, critério e toneladas de alimentos, certos políticos preferem a encenação barata — entregam meia dúzia de ovos/peixe que nem sequer saíram do próprio bolso, filmam tudo como se fosse um grande feito e jogam nas redes sociais como se estivessem salvando o mundo.
O mais grave? Muitas vezes, os produtos doados vêm de empresários aliados, com interesse direto nas eleições que se aproximam. Ou seja, o político não só não investe um centavo do próprio patrimônio, como ainda ajuda a pavimentar a campanha de um apadrinhado eleitoral, que se apresenta como “novo”, mas que já nasce no velho esquema da politicagem. O político deve ser parente de “Mudinho”, pois entra mudo e sai calado.
Enquanto isso, os apoiadores tentam justificar:
“Ora, a prefeitura também faz isso!”
Sim, a prefeitura faz. Mas faz para milhares de famílias, com logística, equipe e critério social, não com quatro sacos e uma equipe de marketing.
Essa comparação entre a ação pública legítima e a encenação eleitoreira precisa ser feita por cada cidadão. A caridade que aparece só em ano de eleição tem nomes: oportunismo eleitoral ou politicagem. E a população precisa estar atenta: quem só aparece em época de campanha com sorrisos, brindes e promessas, dificilmente aparecerá depois com trabalho sério.


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