Contratação de Estagiários em Pedagogia para Atendimento a Crianças com Necessidades Educacionais Específicas
A recente medida da Secretaria de Educação de Macaíba, que abriu inscrições para estágio em pedagogia com o objetivo de atender crianças com Necessidades Educacionais Específicas (NEE), incluindo deficiências físicas, intelectuais, auditivas e visuais, além de transtornos como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), levantou uma série de preocupações e criticas ao estágio pedagógico em Macaíba entre alguns professores e familiares.
De acordo com a proposta anunciada https://senadinhomacaiba.com.br/educacao-de-macaiba-abre-inscricoes-para-estagio-em-pedagogia/, estagiários do primeiro período de pedagogia seriam responsáveis por auxiliar essas crianças em suas rotinas escolares. A iniciativa, embora bem-intencionada, apresenta graves lacunas em termos de preparação profissional e impacto no atendimento adequado dessas demandas.
“Para nós, chega a ser uma aberração”, desabafa um pai de uma criança com NEE. Segundo ele, a escolha de estagiários tão inexperientes demonstra falta de compromisso com a inclusão escolar. “Estamos falando de estudantes que acabaram de ingressar na graduação, sem nenhuma formação específica ou experiência prática. O correto seria contratar professores especialistas em educação especial, capazes de atender às necessidades dessas crianças com o cuidado e a expertise necessários”, reforça.
A Lei
A medida suscita questionamentos sobre a seriedade com que a educação inclusiva tem sido tratada no município. Embora a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e a Política Nacional de Educação Especial garantam o direito à educação de qualidade para todas as crianças, a realidade de muitas escolas públicas ainda está distante desse ideal. A contratação de estagiários sem formação apropriada pode comprometer não apenas o desenvolvimento das crianças atendidas, mas também a própria experiência de aprendizado desses futuros pedagogos.
Para profissionais da área, a formação continuada e a capacitação específica são elementos indispensáveis para o trabalho com NEE. Estágios podem ser uma oportunidade valiosa de aprendizado, mas somente quando realizados sob supervisão direta de especialistas qualificados e em contextos que não comprometam a qualidade do atendimento educacional. Colocar a responsabilidade de atender crianças com altas demandas em profissionais ainda em formação é, no mínimo, uma escolha temerária.
O desafio da inclusão escolar vai muito além de intenções superficiais. Ele exige investimentos em infraestrutura, recursos pedagógicos adequados, formação especializada e, acima de tudo, respeito aos direitos das crianças com deficiências e suas famílias. A substituição de profissionais qualificados por estagiários é um retrocesso que ignora a complexidade das demandas educacionais específicas.
As famílias, por sua vez, seguem em luta por uma educação inclusiva de verdade, que ofereça condições reais de aprendizado e desenvolvimento para seus filhos. Cabe às autoridades reverem suas práticas e garantirem que a inclusão não seja apenas uma diretriz no papel, mas uma realidade palpável dentro das salas de aula.




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